Se não fosse múltipla, não seria REDE

Rede

 

Há alguns anos, quando nasceu no campo das ideias o projeto da Rede Sustentabilidade, os ‘sonháticos’ que, desculpe a redundância, a sonharam, sabiam que o projeto de um partido ‘fora da caixa’ seria repleto de desafios.

A Rede foi desenhada desde seu primeiro rascunho como um partido que, lá vai redundância de novo, funciona em rede. Isso significa, dentre muitos outros aspectos, o respeito à pluralidade, às diferenças de opinião e a horizontalidade. A combinação destes fatores resulta em impasses que tentamos resolver com o instrumento do consenso progressivo.

Foi com esta metodologia, que prima pelo diálogo, que a Rede construiu e defendeu sua tese em relação ao impeachment. A posição do partido desde o início deste processo foi pela anulação do resultado do pleito de 2014, em razão da utilização de recursos financeiros ilícitos na campanha eleitoral. Desta forma, a Rede pede a realização de novas eleições presidenciais diretas ainda neste ano, embora não deixe de reconhecer a legitimidade democrática do processo de impeachment.

Contudo, por sua convicção no respeito às diferenças de opinião, a Rede Sustentabilidade em momento nenhum realizou qualquer encaminhamento institucional no sentido de orientar o voto de sua bancada em relação ao tema.

Diante disso, o que ocorreu foi que o deputado representante do partido na comissão do impeachment votou contra, expressando um posicionamento divergente do explicitado pelo partido. Situação semelhante deve ocorrer novamente quando a matéria for votada em plenário, já que outros parlamentares da bancada já explicitaram também suas posições contrárias ao processo. Essa falta de uniformidade não é comum nas práticas políticas tradicionais e por isso acabou gerando interpretações equivocadas em relação ao posicionamento institucional.

A situação é complexa, mas a Rede crê fortemente no aprofundamento da democracia e precisa reforçar essa crença, principalmente dentro de suas estruturas . O paradoxo de apresentar uma posição claramente expressa pela porta-voz Marina Silva, mas liberar o voto de seus parlamentares considerando a complexidade da questão é realmente difícil de entender e, sobretudo, de comunicar, mas faz parte da natureza da Rede, que busca uma visão não polarizada e uma escuta mais afinada com os anseios da sociedade.

A relação com o paradoxo é um exercício novo, não facilmente compreendido na política tradicional, mas trata-se da natureza de um partido que inova em seus processos políticos. Por outro lado, é importante esclarecer que a posição assumida pelos parlamentares nesta questão não expressa o posicionamento institucional. Trata-se, portanto, da prática legítima do respeito às diferenças, sem o engessamento das posturas partidárias tradicionais.

Vivemos, pois, a materialização dos desafios que sabíamos que estariam pelo caminho. Precisamos agora transformá-los em oportunidades de expor os meandros reais de uma nova prática política, de um partido que precisa se organizar, fortalecer sua identidade institucional e comunicar de forma eficiente. Uma das diferenças de ser Rede é que “não é a organização que faz, mas é o fazer que organiza”. E estamos fazendo.

Se somos plurais, que afirmemos claramente essa pluralidade como uma característica da Nova Política, conforme explica Marina Silva parafraseando Sócrates ao afirmar que “a verdade não está com os homens, a verdade está entre os homens”, portanto construída na diversidade e buscando o que há de melhor na inteligência coletiva.

Se temos uma posição diversa, aproveitemos esta chance de expressar isso pra sociedade e construir com ela a possibilidade da busca do um consenso por meio do diálogo ampliado, capaz de fortalecer nossos valores e princípios institucionais.

Se fosse para esconder nossa multiplicidade, se fosse para ocultar nossos questionamentos e divergências, não seria a Rede Sustentabilidade, um partido que nasceu para repactuar a política sob uma ótica inovadora, transparente e virtuosa.

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