O rei está nu – Renunciar é o caminho que resta à Dilma
O dia amanheceu com um espetáculo lamentável. Na cena principal alguns daqueles que já foram os maiores ídolos da população brasileira, em um enredo de fazer inveja a qualquer série policial. Poderia dizer que seria cômico, se não fosse trágico. Mas de fato não vejo como isso tudo pode ser engraçado. Os fatos são constrangedores para todos nós.
A situação deflagrada era prenunciada. Parte da população estava há algum tempo em contagem regressiva, esperando a campainha final para as cortinas se abrirem. Mas o desfecho encenado muito se deve à pouca colaboração por parte do ex-presidente Lula. Ele poderia ter assumido a frente da defesa de seu partido e dos membros do governo Dilma nos fato relacionados à Operação Lava a Jato. Não o fez. Omitiu-se e deixou espaço para o senso comum de que ‘quem cala consente’.
Repetiu a fórmula fadada ao fracasso já usada em épocas de mensalão. Lula e Dilma mais uma vez ‘não sabiam de nada’.
O fato é que não vivemos mais num país onde quem está no poder tem o poder de calar a nação. Estamos em uma época de consolidação das instituições. A população cada vez mais esclarecida torna imperativa a transparência nas instituições democráticas. Não há mais factoides que possam esconder que o rei está nu.
As coisas se desenrolaram de tal forma que o governo que lá está não tem mais condições de exercer o seu papel. O país chafurda em escândalos e a governabilidade foi a primeira vítima fatal deste espetáculo mal escrito.
As instituições precisam agora trabalhar para que não restem dúvidas de que as intenções por trás destas ações estão calcadas no melhor espírito democrático, sem resquícios de golpismo.
Dilma precisa reconhecer que nada nem ninguém vai recuperar a credibilidade do seu governo e do seu partido. A presidente perdeu sua liderança e a sua manutenção no poder torna a população brasileira refém de uma crise que está destruindo suas vidas silenciosa e sistematicamente.
A justiça deve seguir seu caminho, fazer suas investigações e cumprir seu papel da forma mais honrosa e correta possível. Mas independe deste desfecho a certeza que tenho de que a presidente não tem mais condições de conduzir o país. Renunciar é o caminho que resta à Dilma, ao seu vice e ao presidente da Câmara. Novas eleições devem ser convocadas.