Dupla Renúncia

O vereador Ricardo Young falou hoje (16) no Plenário sobre a nomeação do ex-presidente Lula para a chefia da Casa Civil do governo Dilma.

Para o vereador, trata-se de uma dupla renuncia, pois a presidente abriu mão de governar ao nomear o padrinho e aliado. Além disso, ele destaca que Dilma ainda implementa um parlamentarismo enrustido, sem passar pelo Congresso ou pela população.

“Boa tarde, Colegas Vereadores, telespectadores.

Hoje é um dia grave na história da República. Vivemos uma institucionalidade democrática gravemente ferida, ameaçada por uma série de disfunções das nossas instituições, que estão nos levando a um impasse institucional da maior gravidade.

Como disse o vereador Andrea Matarazzo, que me precedeu, normalmente usamos essa tribuna para falar sobre os problemas da cidade, mas não há como não falar desse momento do Brasil, já que todos nós, brasileiros, estamos enfrentando um momento extremamente delicado.

Há muitas formas de se renunciar: Getúlio Vargas se matou para não renunciar; Jânio Quadros alegou forças ocultas para renunciar; Tancredo Neves nem conseguiu assumir a presidência, pois faleceu antes; Collor renunciou, frente a uma ameaça irrevogável de impeachment.

A Presidente Dilma escolheu uma forma absolutamente inovadora de renunciar, antecipando as eleições de 2018, sem consultar a população.Ao convidar Lula para ser Chefe da Casa Civil, ou Ministro da Casa Civil, entrega o governo a ele, reconhece a sua incapacidade de governar e antecipa a eleição em dois anos. Traz o Presidente Lula para o coração do Governo, para que, de agora em diante, comece a dar as cartas.

Num golpe de mestre, ou de tragédia, a Presidente Dilma renuncia, antecipando 2018, e, sem consultar o Congresso ou a população, institui o parlamentarismo enrustido – com um Primeiro Ministro que passa agora, sem ter passado pelo escrutínio do voto, a comandar a nação.

É liberdade? É direito da Presidente escolher? É prerrogativa da Presidente escolher os seus ministros? Sim, é; não fosse um ex-presidente candidato a presidente em 2018, e mais: uma pessoa que está sendo investigada pela Justiça em diversos processos.

Ao renunciar ao seu cargo de Presidente, entregando a presidência para uma pessoa que hoje está sob a investigação da Justiça, aumenta a nossa insegurança institucional. Entendo que S.Exa. tenha feito esse ato de renúncia branca em razão da sua incapacidade de governar; entendo que queira proteger aquele que a protegeu durante tanto tempo; entendo que S.Exa. tem poucas respostas ao dar ao partido, que exigiu que a presidência desse cobertura ao Lula, para que este tivesse foro privilegiado. Mas, jamais imaginei que renunciaria agravando a crise institucional. Porque se havia crise de confiança com a presidente Dilma, a crise de confiança no governo agora se aprofunda perigosamente.

Nós agora não sabemos quais serão os rumos da economia. Não sabemos quais serão os rumos do governo. E, se eventualmente Supremo Tribunal autorizar por qualquer razão a prisão ou a convocação do agora ministro Lula para depor, a crise vai se agravar ainda mais, porque nem o titular do Executivo e nem o Chefe da Casa Civil contam com qualquer credibilidade para poder governar o pais. O problema e o risco de governabilidade se aprofundaram. Estamos em uma situação pior do que estávamos e, se as instituições não funcionarem rápido, nós nos veremos em uma crise institucional cuja saída nós desconhecemos.”