Do global para o local – Segunda Paulistana debate a COP 21

segundas_paulistanas_COP21_1

A Segunda Paulistana debateu a COP 21 e foi a oportunidade para os vereadores Ricardo Young (PPS) e Gilberto Natalini (PV) ouvirem as demandas dos paulistanos sobre o tema
Dentro de menos de um mês, representantes dos 196 países membros da Organização das Nações Unidas (ONU) estarão reunidos em Paris para a 21ª Conferência do Clima (COP 21).

Espera-se que nesse encontro costure-se finalmente um novo acordo de redução de emissão de gases efeito estufa que, em consequência, limitará o aumento da temperatura global em 2ºC até 2100.

O Brasil terá papel importante nessas discussões e o governo federal já anunciou uma meta ambiciosa, de reduzir em 43% as emissões até 2030, tendo como base o ano de 2005. Para alcançar esse objetivo, o país precisará contar com comprometimento e atuação dos municípios. A cidade de São Paulo, que figura entre as maiores do mundo, precisará assumir posições efetivas.

Por isso, os vereadores Ricardo Young (PPS) e Gilberto Natalini (PV), que representarão a Câmara Municipal de São Paulo na COP 21, realizaram ontem (9) a Segunda Paulistana – São Paulo na Conferência do Clima, em que especialistas e população em geral puderam dar suas contribuições sobre o tema.

Em sua fala de abertura, Natalini destacou que o percurso que a cidade tem a percorrer para reduzir suas emissões é bastante longo e que ele não vê vontade política para que isso aconteça. “A Política municipal de Mudanças Climáticas, por exemplo, foi engavetada. Aqui em São Paulo estamos perdendo a batalha pelo meio ambiente. Vemos árvores em cima de árvore sendo derrubadas”, reclamou.

Young corroborou com a posição. Para ele, o poder público serve aos interesses sociais e econômicos, esquecendo sempre a questão ambiental. “A agenda dos serviços ambientais não é considerada porque a natureza não fala por si. Só quando nos falta. O interesse ambiental não tem protagonistas, não mobiliza massas, diferente dos movimentos sociais e o poder econômico, que não pode ser minimizado”, destacou.

Luana Maia, da Coalizão Clima, Florestas e Agricultura, falou de sua experiência na organização e apontou a dificuldade que há em se chegar a acordos quando elementos tão distintos estão em discussão. “A grande questão é como podemos chegar a bases mínimas de consenso. Na Coalizão a gente reúne desde ONGs, até associações ligadas ao agronegócio. Lá temos uma questão importante que é o diálogo, o processo de negociação. Acho que é nesse processo que está o grande desafio”, contou. Ela ponderou ainda que “o acordo que sair na COP 21 será a vida como ela é, com todas as dificuldades e realidade do dia a dia de todos os países e setores”.

Rubens Born, da Fundação Esquel, lembrou que a participação popular é também um ponto crucial para que a COP 21 chegue ao seu fim com avanços significativos. “Vejo em Paris uma grande oportunidade, mas há riscos de não dar certo, porque ainda existe o jogo do ‘eu só faço se você fizer’. Então talvez a resposta não esteja só nos governos. Precisa de mobilização da sociedade. Precisamos trazer setores com os quais talvez não se tenha a prática de dialogar”, disse.

Ao falar de políticas públicas, Born ressaltou que “o que deve ser feito do ponto de vista técnico é conhecido e disponível em todas as áreas: energia, agricultura, cidades, tudo. Falta recursos e vontade política”.

A dificuldade de comunicar assuntos áridos, que soam distantes da população em geral, foi outro assunto destacado na fala de muitos dos presentes. Luciano Fontelle, do movimento Climax Brasil, relatou que este é o mote de atuação de sua organização. “Meu coletivo tenta trabalhar o tema de forma mais atraente. Usamos, por exemplo, o Capitão Planeta, que é um link com a realidade das pessoas. A gente mostra que antes das COPs ele já falava de mudanças climáticas”. Reinaldo Canto, da Iniciativa Verde, complementou dizendo que “o humor é importante, mas você também chama a atenção quando você consegue chegar na realidade das pessoas, no seu dia a dia”.

Trazendo a discussão para a esfera das cidades, Pedro Telles, dos projetos de Clima & Energia no Greenpeace, comentou que qualquer avanço que houve nas últimas décadas em relação ao clima, tem relação direta com decisões tomadas na esfera municipal. “Podemos dizer que se São Paulo mudar, é como se a gente mudasse o país”, disse.

A cidadã Denise seguiu a mesma linha de raciocínio e falou do valor da atuação nos bairros. “Precisamos olhar e descobrir como podemos tornar nosso bairro mais sustentável. Não vai haver milagre, a cidade é muito grande. Cabe a nós as ações nas nossas comunidades”, refletiu.

O vereador Ricardo Young reduziu ainda mais a esfera e ressaltou o papel de cada indivíduo. “A sustentabilidade somos todos nós, todos os dias, mudando nosso repertório ético, colocando a vida em primeiro lugar”, concluiu.

Related posts

Comissão de Transportes promove Audiência Pública sobre a implantação de parklets

Comissão de Transportes promove Audiência Pública sobre a implantação de parklets

A Comissão de Transportes realizou hoje (23) uma Audiência Pública para debater os critérios para implantação e regulamentação dos parklet: áreas...

Leave a Reply