Frente Parlamentar pela Sustentabilidade lança olhar ambiental ao novo edital de transporte da cidade
A Frente Parlamentar pela Sustentabilidade trouxe especialistas à Câmara Municipal de São Paulo para debater, com o viés ambiental, o novo edital do transporte público da cidade. A licitação que está sendo debatida vai definir os rumos do município pelos próximos 40 anos (são 20 anos de vigênciaprorrogáveis por mais 20) e, para os vereadores da Frente, é fundamental que ele tenha metas claras de diminuição da poluição.
Participaram do encontro Francisco Cristóvão, presidente do SPUrbanuss (Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo), Olimpio Alvares (técnico contratado pelo SPUrbanuss), Evangelina Vormitag ,do Instituto Saúde e Sustentabilidade, e Vitor Leal, do Greenpeace.
Cristóvão abriu a reunião apresentando um panorama que mostra que, atualmente, são feitas mais de 40 milhões de viagens em 14 mil ônibus que transportam seis milhões de passageiros por dia. Segundo ele “o sistema tem hoje três grandes problemas: infraestrutura, caracterizada principalmente na má qualidade das vias e dos terminais; o sistema de monitoramento dos veículos, que é inexistente ou precário; e a melhoria da mão-de-obra e educação da população”, disse.
Já Alvares concentrou sua fala no uso de combustíveis alternativos, destacando que o sistema não estava preparado quando foi feita a tentativa de introdução dos veículos movidos a gás natural. “O resultado foi a retirada dos veículos de circulação por problemas técnicos, problemas de infraestrutura de distribuição do gás e problemas com valor alto para o sistema, que impossibilitaram o uso da tecnologia em larga escala em São Paulo”, explicou.
Esta inadequação do sistema é para Alvares motivo de cautela na tentativa de introdução de outros combustíveis alternativos.
Lembrando a importância do tema saúde neste debate, Evangelina ressaltou que oito milhões de vidas são perdidas no mundo por causa da poluição, isso implica em mais ou menos 35 mortes por dia. “Os ônibus representam 11,15% do material particulado depositado no ar de São Paulo, por isso a alteração de sua matriz energética é tão importante”, destacou.
Leal, do Greenpeace, atentou para a urgência da prorrogação do prazo para pessoas apresentarem suas contribuições para o edital. Segundo ele, são muitas páginas e poucos dias. “O Greenpeace está pedindo a prorrogação de 60 dias no prazo que termina no dia 10 de agosto. [Leia a carta no link:http://bit.ly/1T1eDkB]”, disse.
Leal sugeriu a implantação de placas de energia solar em terminais e garagens, além do aumento do uso de combustíveis alternativos nos ônibus. “A introdução das ciclovias e das bicicletas no planejamento do transporte público da cidade e a aplicação de água de reuso nas garagens para lavagem dos ônibus, também são importantes”, complementou.
Para Ricardo Young, existe um agente oculto nesse debate que é o interesse das montadoras. “No cenário atual, nós temos um marco legal que não está sendo cumprido no país e uma licitação que é um calhamaço com prazos exíguos para que a população tome conhecimento do conteúdo e possa contribuir com o debate. Ao não dar conta minimamente dos marcos legais existentes, a licitação se torna uma armadilha para o prefeito ao expô-lo a possibilidade de um processo por improbidade administrativa e/ou suspensões da licitação por ações do Ministério Público” avaliou.
Reconhecendo a complexidade e importância do tema, o presidente da Frente Parlamentar, vereador Gilberto Natalini (PV) se comprometeu a agendar uma nova reunião sobre o tema em breve.
Leia a ata da reunião no link: http://on.fb.me/1EFpaWN
