Frente Parlamentar debate o Desperdício de Alimento

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Na manhã desta quinta-feira aconteceu mais uma reunião da Frente Parlamentar pela Sustentabilidade. O tema debatido desta vez foi o Desperdício de Alimento com as presenças da Profa. Associada Patricia Constante Jaime, do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da USP e da Dra. Anita Gutierrez, Agrônoma da CEAGESP.

Elas apontaram os principais fatores que aumentam as perdas e desperdício de alimentos e quais iniciativas estão sendo tomadas para a resolução deste problema.

Leia na ata da reunião tudo o que foi debatido:

Reunião Frente Parlamentar pela Sustentabilidade

Data: 6/08
Horário: 11h às 13h
Local: CMSP- Auditório Prestes Maia

Tema: Como reduzir o desperdício de alimentos

Presentes:
Vereador Gilberto Natalini (PV)
Vereador Ricardo Young (PPS)

A reunião foi aberta pelo vereador Gilberto Natalini, presidente da Frente Parlamentar pela Sustentabilidade.
A Secretária Luciana Temer ficou e mandar um técnico. Infelizmente não mandou.

É de nossa autoria e de outros vereadores a Lei sancionada pela Prefeitura que inclui orgânicos na merenda escolar da cidade de SP. Projeto de autoria do vereador Natalini e co autoria dos vereadores Ricardo Young, Toninho Vespoli e Nabil Bonduki. Escrito em parceria com entidades ligadas a orgânicos, Prefeitura e interessados.

Sempre trazemos para as nossas reuniões: Poder Público, Universidade e Iniciativa Privada.

Palestrantes:

Profa. Assoc. Patricia Constante Jaime- Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da USP

O Conceito de saúde é um completo bem estar físico. O ambiente impacta muito a saúde do homem.
Desperdício de alimentos: perda e desperdício de alimentos.
Preocupação com a saúde humana e o ambiente.
Desperdício: fases finais da cadeia de produção. Inadequação na distribuição no atacado e varejo e comportamento do consumidor.

Muitos dados não são conclusivos, nem consistentes: deficiência na fonte de dados, na análise da série histórica. Mas estima-se que o Brasil está entre os 10 países do mundo que mais desperdiçam alimentos. 30 a 50% dos alimentos produzidos são desperdiçados antes do consumo. Cada família desperdiça cerca de 20% dos alimentos adquiridos no período de uma semana. (FAO)

A maior perda ocorre nas primeiras fases: colheita, 50% na fase do abastecimento e transporte, distribuição, 10% da perda é atribuída ao consumidor.

Perda de alimento, estamos falando tbe em perda de recursos naturais. 550 bilhões de m³ de água são desperdiçados na produção de alimentos não consumidos no mundo.
Apodrecimento em aterros: emissão de 3,3 milhões de toneladas em geração de gases de efeito estufa.

As políticas públicas precisam se preocupar com os aspectos técnicos, que reduz as perdas, mas também com as dimensões sócio econômicas e ambientais.

Segurança Alimentar e Nutricional: Dimensão alimentar e dimensão nutricional. Importante se falar em intersetorialidade.
O SUS lançou o Guia Alimentar, com assessoria da USP, e traz as diretrizes sobre a alimentação saudável.

Exemplos e Boas Práticas para evitar perdas e desperdício de alimentos: Banco de Alimentos, Mudança de visão do consumidor e Boa governança da Segurança Alimentar e Nutricional.

A Prefeitura de SP aderiu ao SISAN, o que foi muito importante. Gerando um sistema mais sustentável e mais saudável.

Apresentação: http://www.vereadornatalini.com.br/PDF/ReuniaoFrente060815/ProfaPatricia.pdf

Dra. Anita Gutierrez- Agrônoma da CEAGESP

A Ceagesp é uma empresa que trata do abastecimento. Não acredita que é possível mencionar corretamente a quantidade da perda.

Arroz, feijão, açúcar, milho: são produtos que passaram por um processo de transformação e diminuiu muito o seu metabolismo.
Qdo estamos falando de frutas e hortaliças o produtor é o responsável desde a produção até o consumo.

A CEAGESP recebe produtos de mais de 1800 municípios diferentes e mais de 30 países.

Recebem em torno de 12.000 toneladas por dia e sai 100 a 150 toneladas de lixo, a maioria orgânico. 1,5% vai para o lixo.
Temos 2 tipos de perda: perda que vai para o lixo e a perda no transporte ou outro tipo de desvalorização.

Onde acontece perda: na produção (microorganismos oportunistas), no barracão de classificação (machucaduras), no transporte, nas centrais de abastecimento, no varejo e no serviço de alimentação.

A CEAGESP doa 161 toneladas de alimentos para diversos estados. Tem muitos trabalhos de prevenção de perdas.

Na produção: exigência de rotulagem, estudo de perdas na lavoura e suas causas, financiamento para a melhoria da infra estrutura de colheita, classificação, embalamento, armazenamento e transporte, capacitação dos produtores, adoção de uma linguagem comum de caracterização do produto, incentivo à criação de barracões de classificação geridos por grupos de produtores ou terceiros, incentivo à unitização da carga e refrigeração e cadastro municipal dos transportadores e dos agentes de comercialização.

O rótulo aproxima o consumidor do produtor. Programa de desenvolvimento e norma de agricultura.

No transporte tem uma lei. Capacitação dos motoristas e transportadoras, financiamento da adequação do veículo às exigências da lei, exigência de obediência à lei de transporte de alimentos e responsabilização do transportador pela perda de qualidade do alimento no transporte. A lei precisa ser cumprida.
Na Central de abastecimento: melhoria de infraestrutura de transporte, recebimento, armazenamento e exposição, capacitação de todos os agentes, premiação pela unitização de carga, promoção do mercado visando o crescimento das vendas e exigência de obediência à lei de comercialização de alimentos.
A CEAGESP trabalha em parceria com a COVISA.

Apoio ao produtor

Varejo: Tem um trabalho de treinamento, mas é muito complicado. Problema principalmente no manuseio, oferecimento de só um tamanho e uma variedade do produto.
Consumo: Trabalham com todos os setores- Escola do Sabor (criança gostar das frutas e hortaliças através de atividades lúdicas e aproximar a criança desses alimentos).

Apresentação: http://www.vereadornatalini.com.br/PDF/ReuniaoFrente060815/AnitaCEAGESP.pdf

Vereador Natalini- A nossa intenção é trazer para as reuniões da Frente, pessoas que entendam do assunto e tragam informações. Lamentamos que a Prefeitura não esteja aqui. Aprender, discutir a problemática e avaliar. O assunto é muito complexo.

Estamos aceitando sugestões concretas e objetivas como que a Câmara pode colaborar para corrigir problemas que estejam ao nosso alcance. Cobrar a Prefeitura, o poder público estadual e sugerir medidas técnicas objetivas.

O material desperdiçado pode seguir para compostagem.
Vereador Ricardo Young- Parabenizou as apresentações e os líderes dos movimentos de alimentos orgânicos. Esse tema é complexo, mas estamos longe de uma integração entre todos os conceitos entre perdas e desperdícios e o mercado.

Por um lado perdemos pelas contas da Prof. Patricia mais de 50% dos alimentos produzidos e por outro lado temos uma lógica e uma dinâmica de mercado, acabam criando uma série de intermediação que acabam dificultando o processo.

Por que não criar no munícipio um programa cultural para educar as pessoas para se alimentarem melhor?
Existe alguma Câmara onde a indústria de transformação está discutindo esse ponto?
Qto que o crescente mercado de alimento orgânico está ajudando a reduzir esse desperdício?
Qual é o impacto das feirinhas de orgânicos e se esse aumento, pode ajudar a reduzir o desperdício?
Não vi nenhum elemento de tecnologia na apresentação da CEAGESP. Qual é o impacto da tecnologia em todo o processo de produção?

Zezinho Zanzini- Professor

Ouvimos as palestras, a partir da produção. Nós no centro sul consumimos 6 L de agrotóxico por ano, no centro oeste- 150L e no nordeste é tão absurdo, que não é nem dimensionado, muita gente morrendo por causa do agrotóxico e quem vai contra, acaba sendo assassinado nas estradas do nordeste.
O vereador Natalini tem trabalhando muito pelos orgânicos. É uma importante conquista a inclusão de orgânicos na merenda escolar, mas ainda é muito pouco.

As feiras estão em alguns poucos lugares, é necessário expandir para outros lugares da cidade.
Ou matamos em doses homeopáticas, ou matamos diretamente. Na rotulagem das caixas, seria importante que viesse indicado os nomes de todos os agrotóxicos utilizados na lavoura. No Brasil tem mais de 150 tipos de agrotóxicos, que não são utilizados na Europa, nem em nenhum outro local.

Elpídio

Parabenizou a escolha da temática.
Sugeriu que a Frente interaja mais com os CADES.
Daniela Leite
Banco de alimentos doa 160 toneladas por mês, pensa-se em campanhas para aumentar a doação?
Responsabilidade civil na doação de alimentos. Proposta de projeto de lei para tentar contornar esse assunto.
Recente lei na França sobre doação de alimentos. Em supermercados com mais de 400 m², alimentos devem ser destinado para doação para população com necessidade, compostagem ou ração.

Vereador Natalini

Referente a fala do Prof. Zanzini, sobre os orgânicos, trabalhamos aqui na CMSP desde 2006 e agora com a vinda do Ricardo Young e do Toninho Véspoli, conseguimos aprovar a lei da merenda orgânica. No início só tinha a Feira do Pq. da Água Branca, e com a ajuda do Eduardo Jorge e da Leda Aschermann, conseguimos abertura de outras feiras, como Ibirapuera, entre outras. Tbe conseguimos um decreto com o Xico Graziano, para que todos os cantos de feiras tivessem barracas de orgânicos. O problema é a falta do produto, os agricultores orgânicos trabalham com muita dificuldade, o incentivo é menor, a exigência é enorme. Muitas vezes tem o espaço para colocar o orgânico e não tem produto para ofertar.

Tenho um PL para tentar dificultar o uso de agrotóxico na cidade de SP. O vereador não pode legislar sobre as questões econômicas. Precisamos articular direitinho para a Prefeitura não vetar. É uma gota d´água num oceano, mas estamos trabalhando.

Eu fui Presidente do CADES/ SP, participava muito, até que me substituíram. Os CADES que tem nos chamado e nos pautado, temos ido. É só nos demandarem presença, que estamos à disposição. Podemos fazer um encontro da Frente com todos os CADES. Pediu apoio do Elpidio para organizar esse encontro.

Vereador Ricardo Young

Apoiou a iniciativa de fazer a reunião com os CADES.
Profa. Patricia
Discutir orgânicos é importante, mas não é 100%. É muito mais complexo que isso. A demanda do produto orgânico, muda o padrão do alimento, a qualidade do alimento.

É importante reduzir o tempo, as distâncias, o uso de combustível, as demandas de logística, pq tem uma cadeia que é mais reduzida. São os micro circuitos.

A questão do orgânico é para uma parcela da população, mas tem uma parcela grande da população que não terá acesso a esses alimentos e aí temos a perda e o desperdício maior.
Importante investimento em mecanismos de aproveitamentos, como o exemplo da França.

Sobre educação: a principal plataforma, ensinar a comer, alimentação saudável e sustentável. O que significa o comer, é importante isso ser ensinado nas escolas. Temos o maior programa de alimentação escolar do mundo. No município de SP tem o cumprimento da lei da merenda orgânica, inclusão do agricultor familiar no PNAE.

Trazer os diferentes atores para os espaços de governanças territoriais. O espaço para isso é o COMUSAN. Agricultura urbana e periurbana.

Dra. Anita- CEAGESP

Doação na CEAGESP: Temos além do banco de alimentos, mais de 300 entidades que vão lá buscar produtos, diretamente com os comerciantes, inclusive o SESC.
As doações me preocupam pq tem a questão dos produtos apodrecidos e ninguém estuda. É muito sério. Tem toxinas e com o apodrecimento, podem causar graves problemas de saúde.
Orgânicos e Transgênicos: Produtos totalmente diferentes. A produção desses alimentos é bem diferente. Orgânico, tenta não utilizar agrotóxicos, mas utilizam. Exige um conhecimento muito maior da natureza, das pragas e da própria planta, do que o processo convencional.

Para se ter de fato agricultura orgânica funcionando é importante o reaproveitamento do esgoto e do lixo. E isso nós não temos. Por isso agricultura orgânica é possível em uma escala muito menor.

Agrotóxico não é esse bicho que todos imaginam. O Brasil tem uma legislação extremamente exigente. Tem utilização errada, utiliza mais do que deveria, mas isso não é o “diabo”. Para conseguir ter alimento na mesa hoje, precisamos de agrotóxicos, utilizados corretamente. Assim como precisamos de adubos.
Transgênico: é um processo de melhoramento genético lá dentro da célula. Dura muito pouco. Tem transgênico resistente a lagartas, pq não foram adotadas as exigências mínimas. As empresas que estão mexendo com esse tipo de alimento hj, estão numa situação delicada.

Responsabilização é muito importante. O produto é produzido, se estiver fora das exigências, o produtor será responsabilizado, por isso a importância do rótulo.

O setor de frutas e hortaliças é um setor de pequenos. Aplicação de tecnologias é muito complicado. Colocamos num aplicativo, que facilita a utilização de ferramentas na hora de escolher o produto, sazonalidade, classificação de melhor custo benefício, diversificar o cardápio…

Vereador Natalini

Podemos agendar uma próxima reunião para discutir transgênicos e orgânicos.
Agradeço a Profa. Patricia- USP e a Dra. Anita Gutierrez- CEAGESP.

Essa reunião foi um pontapé inicial para trabalharmos a questão.
Amanhã faremos uma reunião extraordinária da Frente sobre o “Novo edital de transporte público: uma análise sob o recorte ambiental” e vamos introduzir na reunião amanhã a não entrada na licitação do programa ecofrota, em desobediência à Lei de Mudanças Climáticas.

O vereador Natalini convidou todos a participar da 14ª Conferência P+L e Mudanças Climáticas, o tema é Água e Energia, com a palestra magna de Marina Silva. O evento será dia 22 de setembro, das 8h30 às 17h, na APCD. Maiores informações e inscrições no natalini.com.br

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