A Marina que conheço

Ricardo

Conheci Marina Silva em 2002, quando acompanhei a economista Hazel Henderson em uma visita à então ministra. Foi um contato breve, mas intenso. Percebi desde o primeiro momento que estava diante de uma pessoa excepcional.

Anos depois, participei da criação do movimento Brasil com S, que tinha como objetivo pautar uma agenda de desenvolvimento sustentável para o Brasil em 2010. Marina juntou-se a nós depois de deixar o ministério e ai pude conhecer mais de perto essa mulher forte, nascida no seringal e ensinada pela vida a lutar. Marina, em seu corpo aparentemente frágil, esconde a força descomunal de quem já enfrentou fome e preconceitos e nunca desistiu de elevar sua voz para defender as bandeiras da ética, da justiça social e da sustentabilidade.

Nossa relação política teve início desde aí, e se estreitou ainda mais em 2010, quando recebi dela o convite para ser candidato ao senado pelo Partido Verde (PV), legenda pela qual ela concorreria à presidência. Neste momento a relação se selou. Empresário que sempre fui, nunca havia pensado em entrar pra a política. As palavras de Marina e a certeza de que estava envolvido em algo muito maior, que pretendia trazer para o Brasil um novo jeito de se fazer política, me convenceram.

Me fortaleci na convicção de que tinha ao meu lado uma pessoa das mais éticas que já tive a oportunidade de conhecer.

Após as eleições de 2010, quando a falta de democracia dentro do próprio partido fez com que Marina optasse por sair do PV, estive imerso no processo que criou o movimento da nova política. Vi Marina buscar inspiração em meio a todas as ocupações e discussões de novas formas de participação democrática que efervesciam no mundo, e mergulhar fundo no processo de transformação da democracia e das premissas que deveriam fazer com que a política fosse mais participativa e arrebatadora para toda uma nova geração de jovens que não viam mais esperanças na política tradicional.

Este processo fez com que decidíssemos pela criação da Rede Sustentabilidade. Fizemos contato com os movimentos vivos da sociedade para entender as condições deste novo partido. Construímos um estatuto que prevê a igualdade de gênero, processos decisórios democráticos, a rotatividades dos dirigentes no poder, a impossibilidade de acumular cargos em partido e mandato simultaneamente, 30% da legenda para candidatos avulsos, o imperativo do político com mandato ter que abrir mão do mandato se for chamado a compor o executivo, entre muitos outros pontos.
Hoje estou mais uma vez ao lado de Marina na campanha pela eleição presidencial.

Após mais de 10 anos de relação, posso dizer com toda a certeza que a Marina Silva que vem sendo pintada por seus adversários, em um massacre calunioso, não existe.

A Marina que conheço respeita a diversidade e acima disso a vida, nunca deixou suas crenças interferirem em suas decisões política.
A Marina que conheço trocou de partidos para não trocar de princípios, quando percebeu que os interesses partidários se sobrepunham aos seus ideais.

A Marina que conheço não luta contra as instituições, e sim a favor delas, para fortalecê-las e legitimá-las com a participação popular.
A Marina que conheço não tem opiniões idênticas às minhas em todos os assuntos, mas está sempre aberta ao diálogo.

Por fim, a Marina que conheço tem uma trajetória política idônea e vivenciou, no decorrer dela, tanto rotinas do executivo, quanto do legislativo, e sabe muito bem o que fará, e como fará, se se tornar presidente.

Poderia escrever muitas outras linhas para destacar as qualidades de Marina, mas vou me ater a dizer que, ao lado dela tenho trilhado um caminho do qual me orgulho, forjado em verdade e ética.

A política que varre para debaixo do tapete valores e que aceita o “tudo pelo poder” é inaceitável. Independente do resultado destas eleições, para mim este pleito já está marcado como o menos honesto e mais cruel que já presenciei.

Colocam de lado o debate fundamental e educador do que poderíamos fazer para que o Brasil seja um país muito melhor, para orquestrar uma sinfonia de mentiras e mesquinharias.

Nós sabemos, eu, você leitor e provavelmente o restante da população, que pode-se oferecer muito mais para o país. A grande pergunta é: por que os políticos insistem e não fazê-lo, e quando surge uma pessoa como Marina, que está disposta a faze-lo, tentam destruí-la na mídia e desidratar-lhe os votos?

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