Política e juventude: onde os caminhos se cruzam?

Ricardo

Filiar-se a um partido, fundar uma ONG, participar de movimentos sociais. Estas foram algumas das opções lembradas pelos participantes da Segunda Paulistana sobre o tema política e juventude, na tentativa de responder à questão que permeou o evento: “a final, o que é política?”.

O debate foi realizado na semana passada, na Câmara Municipal de São Paulo. O tema do encontro foi “Política em transição: as formas de participação e de governança da juventude”. Cerca de 50 pessoas participaram do encontro, organizado pelo gabinete do vereador Ricardo Young.

O evento, realizado em todas as primeiras segundas-feiras do mês, conta com a presença de parlamentares, representantes de partidos, ONGs ou qualquer cidadão que queira trazer o seu ponto de vista sobre o assunto proposto. “As Segundas Paulistanas são como uma ‘ágora’ na Câmara Municipal de São Paulo”, explicou Ricardo em sua fala na abertura do debate.

Expor sua opinião foi o que fez Priscila Fonseca, que destacou a vulnerabilidade a que muitos jovens são expostos. “Eu faço política desde que me conheço por gente. 70% dos jovens que são mortos na periferia por policiais são negros. A gente desconstrói esses processos quando levantamos para fazer algo”, disse.

Guilherme Aranha Coelho, participante da rede de mobilização Minha Sampa, fez uma crítica severa ao sistema representativo. “O que temos de representatividade hoje está saturado. O futuro é uma democracia mais direta, não tem como mais voltar atrás.”. Em uma de suas intervenções, o vereador Ricardo Young demonstrou igual preocupação, sobre a obsolescência da teoria política. “Não seria o momento de a política ser repensada a partir das novas ciências?”, questionou o vereador.

As manifestações populares, que tiveram o auge em junho de 2013, foram diversas vezes citadas na discussão. A força da participação da juventude nos protesto foi o mote da fala de José Gustavo, candidato a Deputado Federal representando a Rede de Sustentabilidade. Ele afirmou que o termo ‘política’ sofreu um sequestro no seu significado: “Há uma necessidade da sociedade se ocupar dessa política que é a busca da felicidade coletiva na polis. Há uma falta do que é política de verdade. Em junho houve uma indignação pelo sequestro do sentido de política. Essa lógica nova da política está sequestrada. Política não é só o que se faz na Câmara”, enfatizou.

Anna Lívia Arida, também da rede Minha Sampa, rebateu o posicionamento. “A ideia de que a politica foi sequestrada mostra que tem um vilão na história e coloca os demais na posição de vitima. Prefiro a posição de quem pode fazer a diferença e transformar a sociedade”, disse. Sobre a questão da representação ela ponderou que “precisamos saber onde queremos participação direta e onde queremos representação. Acredito que a gente deve encontrar um meio de caminho sobre o tema”.

Entre muitos pontos de vista contraditórios, o de Ricardo pareceu ser unanimidade. Ele criticou as instituições políticas na forma como estão postas dizendo que “as instituições estão totalmente esclerosadas. A sociedade está em um século e o espaço institucional está em outro. A sensação que tenho é de que tudo é cifrado para que a sociedade não compreenda”. O vereador finalizou deixando uma questão no ar: “os partidos são o locus onde a gente deve fazer política? Eu acho que não, mas também não tenho a solução”.

Assista abaixo a matéria da TV Câmara sobre o evento:

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