“Se tem prédio, não é parque”

Frente pela Sustentabilidade

Na última quinta-feira, 19/2, a Frente Parlamentar pela Sustentabilidade abriu sua reunião para ouvir o Movimento Parque Augusta e buscar caminhos para a implantação do parque.

Depois da sanção do prefeito ao projeto de lei que autoriza a criação do Parque Augusta, as construtoras que hoje são proprietárias do terreno, na esquina da rua Augusta com a Caio Prado, propuseram um projeto que harmonizasse o empreendimento (duas torres de 100m de altura, ocupando 20% do terreno) com o parque, que seria gerido pela Setin e Cyrela e permaneceria aberto à população. Para o Movimento, é inaceitável dividir o espaço. “Não podemos criar outra praça dos Franceses. Não quero pedir autorização para entrar”, previne-se Geraldo, um dos mais de 30 ativistas presentes na reunião. “Se tem um prédio não é parque. Pode ser praça, puxadinho”, define Alexandre.

Com uma postura considerada radical por alguns vereadores, boa parte dos presentes se inscreveu para falar ao microfone em nome do Movimento. O grupo chegou a acusar um vereador que atendeu o celular durante a reunião de estar em contato com as construtoras. “Agressividade no auditório? Ausência de áreas verdes torna as pessoas agressivas”, ironizou Marília, uma das ativistas.

Mesmo sem líderes, o Movimento mostra uma posição consolidada: não há possibilidade de diálogo com as construtoras. “As incorporadoras são desonestas e precisam sim ser convidadas, mas é para uma CPI”, levantou Célia Marcondes. Para ela, a questão é de prioridade aos parques e não aos prédios. “Queremos o dinheiro para comprar todos os parques de São Paulo. Vamos criar o Instituto Pró-Parque em São Paulo. Se for o caso, a cidade vai fazer crowdfunding, pedir esmola ao mundo. Vamos criar esse crowdfunding! Esse Parque Augusta sai ou sai!”, bradou Célia.

Já para o ativista José Augusto, “a questão é mais política do que financeira. Os senhores são políticos eleitos pelo povo e devem defender o que o povo quer. Não queremos 10% do parque. Queremos tudo”.

Prioridades

“Essa Câmara está sendo blindada por R$50 milhões, 140 milhões para reformar o autódromo de Interlagos, R$50 milhões para a TV Câmara. Como não há recursos públicos para as demais coisas?”, indagou Aymoré, que estava entre os ativistas. E depois de ouvirem várias manifestações de que o Movimento não aceitaria a justificativa da Prefeitura, que já alegou não ter R$100 milhões disponíveis para comprar o terreno e ainda a verba necessária para a manutenção de mais um parque público; os vereadores lembraram que a gestão Haddad não está vendo os parques como prioridade. Gilberto Natalini (PV) e Police Neto (PSD) consideraram a sanção do projeto que cria um parque como um forte sinal de que a Prefeitura é a favor, já que houve veto para projetos que criam outros parques, como o do Jockey.

Já Nabil Bonduki (PT), ressalvou que a sanção do prefeito “não foi feita a frio. Eu e Young fomos conversar com o prefeito para que o parque fosse sancionado. E ele disse que é a favor do parque, mas não tem como pagar”, contou. Mario Covas Neto (PSDB) acredita que a Prefeitura “tem bastante recurso para ser utilizado, pois há R$9 bilhões em caixa”. Para ele, a preocupação maior é que o parque seja invadido. Toninho Vespoli (PSOL) comemorou a importância que o tema das áreas verdes ganhou no debate político, graças ao ativismo da sociedade. “Não me lembro de haver um debate desses aqui na Câmara. Somos todos pró Parque Augusta!”, afirmou.

Para Ricardo Young (PPS), presidente da Frente pela Sustentabilidade, não há condições de diálogo com as empreiteiras. Em fala que concluiu a reunião, Young lembrou seu histórico de empresário e presidente do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social. “Não demonizo o poder econômico, mas ele deve cumprir sua responsabilidade com a sociedade”, definiu.

Young elogiou a iniciativa do Movimento de estudar soluções de recursos e gestão para o parque. E também fez um apelo para que eles escolhessem representantes, de modo a facilitar o diálogo com o Poder Público. “Depois dessa audiência, vocês podem contar com a Frente para a realização do Parque Augusta”, garantiu o vereador, reafirmando o compromisso do grupo parlamentar com o pedido da sociedade por um parque 100% – isso é, em todo o terreno e de caráter público.

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