Um banqueiro para inspirar o Brasil

Ricardo Young

Não existe sustentabilidade onde há pobreza. Esse mal ainda é um dos aspectos mais frágeis do desenvolvimento sustentável e precisamos nos atentar às soluções – sempre simples – que podem ser potencializadas.

Em palestra na sede da FIESP, na manhã desta quarta, Muhammad Yunus nos trouxe a mais pura e eficaz política pública para uma era “pós Bolsa Família”.

O bengalês é conhecido como “banqueiro dos pobres”. Em 1976, começou um banco especializado em microcrédito. Objetivo? Acabar com a pobreza no mundo! Como? Baseando-se na confiança de que as pessoas de baixa renda, ao receberem um investimento para empreender, podem mudar suas realidades e realizar sonhos.  Yunus provou que dar crédito é empoderar pessoas. Elas se tornam independentes e, claro, pagam o empréstimo. Mesmo sem papeis, nem garantias, o banco tem 98,85% de retorno.

Ele começou emprestando 27 dólares para 42 mulheres, que precisavam comprar matéria-prima para artesanato. Hoje as mulheres são 97% dos mais de 6 milhões de beneficiários do Grameen Bank. Em 2006, o trabalho rendeu o Prêmio Nobel da Paz.

O negócio social de Yunus nos dá a direção para o próximo passo das políticas públicas brasileiras contra a desigualdade social, com oportunidade em larga escala e o melhor do empreendedorismo para baixa renda. É simples, pois não propõe um rompimento com o sistema de mercado. Mas exige uma profunda mudança de valores.

Os empreendimentos sociais rompem, isso sim, com o egoísmo que o ato de empresariar normalmente implica. Quando se usa o gênio da gestão empresarial a serviço do outro e não de si mesmo, a capacidade mobilizadora da empresa passa a gerar valor para a sociedade e se torna um instrumento fenomenal de eliminação da pobreza.

O Bolsa Família cumpriu seu papel de tirar um contingente enorme da população brasileira da miséria absoluta e incluí-la ao mercado consumidor.  Já sabemos, entretanto, que o consumo por si só não significa inclusão social. Os indivíduos precisam liberar seu potencial criativo e construtivo. Para incluir, também é preciso emancipar.

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