Quando o recuo significa avanço
Na audiência pública de ontem os movimentos conseguiram fazer com que a CPI dos Transportes cumprisse seu dever de prestar contas à população.
Depois de ouvir manifestantes de várias entidades, a CPI teve que se abrir às reivindicações que havia negado até então. As lutas travadas em plenário na tentativa de ampliar o escopo da investigação vingaram nas ruas, vocalizadas pelos movimentos. Ontem, eles saíram da manifestação espontânea e partiram para proposições organizadas e maduras.
Após quase 3h de audiência com estudantes, metroviários, trabalhadores do setor e outros movimentos, houve uma fala de compromisso do presidente da CPI, Paulo Fiorilo (PT): tudo, absolutamente tudo que eles trouxeram seria considerado pela CPI. Inclusive requerimentos escritos pelos movimentos. Ontem os documentos foram recebidos e exaltados pelos vereadores – quem diria que até a última reunião, ontem à tarde, eles eram restritos aos membros da CPI.
No final, uma manifestação do movimento negro brindou a entrada da Câmara Municipal e o viaduto Jacareí se tornou uma ágora. Com uma liderança majoritariamente jovem e feminina. e sem nenhuma violência. Bonito de se ver.
A vitória ficou por conta da garantia de transparência, pronunciada pelo presidente da CPI. Segundo ele, os movimentos teriam todas as condições para monitorar os avanços reivindicados. Foi um recuo no posicionamento. E um avanço para o movimento, para a CPI e para a democracia.