GOVERNOS MUNICIPAL E ESTADUAL DE SÃO PAULO FORMAM GT DA SUSTENTABILIDADE
Rodoanel e inspeção veicular puxaram discussão entre membros dos dois governos, mediados por grupo de vereadores da Frente Parlamentar pela Sustentabilidade
Sentaram juntos: prefeito, vereadores, secretários estadual e municipal de meio ambiente. Na mesa: Rodoanel e inspeção veicular, duas questões “sem fronteiras”, que clamam com urgência por ações integradas entre as administrações da cidade e do estado. A reunião ocorreu na manhã da última terça-feira, dia 24, na sede da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, por iniciativa da Frente Parlamentar pela Sustentabilidade – criada sob a bandeira do “trabalho suprapartidário”, ela está mostrando a que veio.
Além do presidente Ricardo Young (PPS), representavam a Frente pela Sustentabilidade na reunião os vereadores Nabil Bonduki (PT), Gilberto Natalini (PV), Toninho Véspoli (PSOL) e Mário Covas Neto (PSDB). Haddad chegou acompanhado dos secretários João Antônio, de Relações Governamentais, Antônio Donato, do Governo Municipal e Ricardo Teixeira, do Verde e do Meio Ambiente. Já o secretário estadual de Meio Ambiente, Bruno Covas, trouxe o secretário adjunto, Rubens Rizek, e também o presidente da CETESB, Otávio Okano.
Rodoanel
O governo municipal exigiu mais recursos do que os previstos pela obra para as compensações ambientais e argumentou sobre a importância do cercamento dos parques da região da Cantareira, que devem ter “escudos” contra a ocupação irregular. O governo estadual se comprometeu a avaliar os pedidos e deve também refazer os cálculos para o trecho do Rodoanel Sul, cujas compensações não foram concluídas.
Na avaliação de Ricardo Young, os governos municipal e estadual mostraram preocupação e concordância quanto ao fato de que o patrimônio da Cantareira é incalculável e inalienável, “tanto do ponto de vista dos mananciais, quanto da contribuição para o equilíbrio climático da cidade de São Paulo”, analisa.
Inspeção
No dia seguinte à afirmação de que “a poluição já matou mais de 100 mil pessoas em 6 anos” (feita pelo pesquisador Paulo Saldiva, da Faculdade de Saúde Pública da USP, em seminário na Câmara Municipal), o clima para esse tema era de sensibilização. O secretário Bruno Covas mostrou concordar com a necessidade da inspeção veicular na Região Metropolitana de São Paulo e em mais 100 outras cidades do estado. Já tramita na Assembleia Legislativa uma lei para regular esse tema.
Ambiente aos pedaços
O vereador Nabil Bonduki e o presidente da CETESB, Otávio Okano, defenderam ali a articulação de uma política ambiental. “Meio ambiente não pode ser discutido aos pedaços”, argumentou Okano. “É preciso pensar uma estratégia para a região metropolitana como um todo”, concluiu.
Young lembrou a oportunidade do Plano Diretor Estratégico (PDE). “Não há movimento melhor que o PDE para estruturar uma visão estratégica ambiental”, apontou. Para ele, é possível pensar o licenciamento de obras na cidade a partir de condicionantes socioambientais, de modo que essas alterações no território contribuam para a mitigação das mudanças climáticas, a redução de impactos e a ampliação das políticas ambientais da cidade.
Os vereadores Gilberto Natalini e Toninho Véspoli reforçaram ainda a importância do Plano Diretor para contemplar as questões de transferência de moradias em áreas de reservas e manaciais.
Lição de casa
Em clima de empolgação geral, o secretário Bruno Covas propôs a formação de um grupo de trabalho interinstitucional, envolvendo todos os presentes na reunião e tendo a Frente pela Sustentabilidade como mediadora do processo. Ele resumiu os trabalhos em 4 pontos: Rodoanel, inspeção veicular, “licenciamento municipalizado” e “macroplano para as cidades da região metropolitana”. Como se vê, os dois últimos itens extrapolam e pauta e resultam da cocriação do grupo.
Inédita, a reunião mostra o potencial de coesão trazido pela sustentabilidade e prova que o termo “suprapartidário” é mais do que uma expressão de discurso. “Além de ser estratégico para o interesse público, é viável para as forças políticas”, diz o presidente da Frente, Ricardo Young.
Para ele, “não se trata de ‘agir sobre o que aí está’, como dissera Haddad, mas de projetar a cidade para o futuro e agir já para garanti-lo. A Frente deve seguir articulando as forças políticas para levar essas promessas à frente.”
