Câmara recebe Fórum Nacional Lixo Zero
A Câmara Municipal de São Paulo sediou na manhã de hoje (23) a edição paulistana do Fórum Municipal Lixo Zero. O encontro reuniu especialistas e representantes do poder público, para debater a geração e a logística dos resíduos nas grandes cidades. Neste ano, o evento já foi realizado em Curitiba, Porto Alegre, Florianópolis e ainda deve passar por outras 20 cidades por várias regiões do país.
O secretário de Serviços da Prefeitura de São Paulo, Simão Pedro, traçou um breve panorama do status atual da capital paulista em relação ao tema. Ele destacou que a atual gestão tem a meta de que a reciclagem chegue a 10%, com a universalização da coleta seletiva, realizada em todas as ruas, porta a porta. Além disso, o serviço de compostagem, que já abrange 15 mil e quinhentas famílias, através da criação do programa Composta SP, segundo ele, demonstrou excelentes resultados. “O Plano é moderno e ousado. Nós queremos radicalizar a reciclagem para que, até 2024, atinjamos a meta de 82% do que é possível reciclar”, explicou Simão.
Apesar dos avanços, o secretário lembrou que a má execução da logística reversa feita pelas grandes indústrias atua como principal vilã, ao minar os esforços da população. “70% dos resíduos físicos são compostos apenas de embalagens. O empresariado é quem deveria ser devidamente responsabilizado, destinando corretamente os resíduos daquilo que produz, sem deixar o ônus inteiramente para o cidadão. Isso precisa ser mudado. No exterior isso já é feito, mas aqui nós não conseguimos”, disse.
Para o vereador Ricardo Young (Rede), que também foi um dos debatedores, os programas criados para promover uma mudança cultural nos cidadãos são efetivos, no entanto, a prática torna-se muito pequena diante de impasses econômicos e políticos. “A vontade política para que haja uma mudança profunda não está disseminada nem no setor público nem no setor privado. Nós não respeitamos as leis de mudanças climáticas, a lei de educação pela sustentabilidade e nem a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Não conseguimos executar nenhuma delas. Pela primeira vez, a lei, que sempre veio a reboque, está a frente da sociedade”, disse.
Young tratou ainda da falta de articulação entre as partes envolvidas. “Não há integração entre as secretarias para resolver os problemas, muitas vezes por questões partidárias. O programa de compostagem é brilhante, mas é necessário traçar um objetivo, para não só fazer a compostagem, como também saber onde e como utilizá-la”, declarou. Para ele, é necessário que todos os atuantes trabalhem de forma conjunta: “se não mudar a mentalidade, tanto dos gestores públicos, quanto do empresariado, não avançaremos de forma sistêmica”, concluiu.